Verão. Era a pior de todas as estações do ano, pelo menos ele achava que era. Tinha que trabalhar, pois eram férias da escola, mas não no serviço. Quando viajava, só lhe restava uma praia apinhada de gente, a quem ele jamais se quer sonhava em pisar, mas sempre voltava forçado por sua mãe.
Ele sempre falava que a única vantagem do Verão era a pouca roupa das garotas, mas que mesmo assim ele achava vulgar. Preferia o Inverno, algo mais charmoso, elegante, belo, onde poderia aproveitar um pouco mais do calor corporal. E sempre criticou o Verão.
Nunca imaginou que seria no Verão que as coisas começariam a dar certo para ele. Pelo menos o começo foi maravilhoso. E é no Verão que essa história começa.
Cinco de janeiro de 2010, ele estava passando as férias na praia com a sua família. Alguns de seus amigos ainda estavam por lá. Iriam passar esses últimos dias juntos. Haveria uma grande festa, a qual eles iriam mais a noite. Ele odiava esse tipo de festa, mas era o ultimo dia que ele passaria com os seus amigos. E então ele foi.
Lá eles dançaram, se divertiram. E ele como sempre meio deslocado. Cada segundo que passava odiava ainda mais o Verão. Todos estavam seminus, e ele odiava aquele tipo de visão. As garotas mesmo as feias usando biquínis que chamavam muito a atenção lhe irritavam muito.
E então algo lhe pareceu chamar atenção. Uma garota, sentada a beira-mar, com uma roupa quase completa, assim como ele. Shortinhos e uma blusinha, nada muito vulgar, mas confortável. Ele se aproximou dela. Começaram a conversar, ela estava lá pelos mesmos motivos dele, apenas pelos amigos e por sua família. E assim continuaram o assunto. E no final do dia, quando os dois estavam indo para as devidas casas, eles se beijaram. Um beijo rápido, mas tênue e gentil. Apenas um toque nos lábios. E ele descobriu que o melhor dia da vida dele tinha sido Verão.
Eles trocaram telefone. Ele falou que ia ligar. Mas acabou não ligando, tinha medo de ter sido apenas mais um pra ela assim como ela tinha medo de ter sido pra ele. Ela também não ligou. Não mandaram mensagens e o assunto acabou sendo esquecido. Um ano depois, eles voltaram a se encontrar, nutrindo essa esperança. Queriam se ver e sabiam que queriam ver o coração pulsar mais forte.
Ela o abraçou com muita força, ele segurou o impulso de beijá-la. Ela perguntou o por que de não ter ligado, e ele apenas disse que era medo. Ela falou para não deixar seus medos acabarem com as chances de tentar. E juntos continuaram a conversar. E novamente, quando se despediram mais um beijo terno, mas mais caloroso que o outro, no final do dia e voltaram pra casa.
Assim que ela chegou o telefone tocou. Não queria atender e deixou tocar sem ver o número. Do outro lado da linha, ele desligava o telefone e pensou que aquilo que ela falou tinha sido mentira. Ela se deitou, pois estava cansada, e sonhou ainda acordada com o beijo daquele garoto.
Ele ligou mais uma vez, mas desta vez ela não ouviu o celular tocar. Estava dormindo, e sonhando com ele, mas ele não sabia. Pensou mais uma vez que tudo tinha sido uma mentira. Então ele foi e se deitou, na cama começou a pensar na garota e nas palavras. No beijo que depois de um ano voltou a acontecer. E ele poderia ter aproveitado mais.
O medo o invadiu de novo, o sonho foi escuro e ele não sabia ao certo quem ela era. O telefone dele agora tocava, na esperança de ser ela, ele acordou rapidamente, mas quando viu o telefone conhecido de seu amigo deixou apenas tocar, voltou a dormir, voltou a sonhar.
Ele tentou mais uma vez o contato, mas o telefone estava desligado. Então voltou para sua casa com a sua família e apenas deixou que o tempo fizesse o serviço. Mas ele não a esqueceu e o medo o assombrava, sabia que ela já o havia esquecido. E muito estava enganado. Mas o tempo agiu e de certa forma para o bem dos dois, ainda num Verão que ele tanto odiava ele se encontrou com ela novamente, fora da praia, numa loja qualquer, de uma rua qualquer, os dois se olharam, mas estavam acompanhados, um sorriu pro outro e ele viu nos olhos dela o brilho que ele ainda se lembrava.
Eles se aproximaram, os amigos estavam intrigados, ainda sorrindo ele disse, “pensei que você tivesse me esquecido não retornou as minhas ligações”, ela respondeu “eu jamais poderia ter me esquecido de você, o meu único romance de verão, meu único beijo dado em muito tempo, onde eu poderia dizer que amava o garoto”, “mas por que não me ligou?” ele perguntou. “roubaram meu celular e eu perdi o seu número” ela respondeu.
E no momento que nada mais importava, eles se abraçaram e se beijaram, e o que começou no Verão, se tornou inesquecível para dois corações que tanto odiavam as mesmas coisas e puderam se amar verdadeiramente.
( Felipe Marquezelli )