Felicidade de Idiota!


Nunca se é tarde de mais para procurar algo que na maior parte do tempo não existe. Mas por que não pensarmos que afinal tudo que procuramos está realmente ao nosso lado, e pensarmos que o que está do nosso lado é a nossa própria felicidade. Pena eu não ter percebido isso antes, mas vejamos que antes tarde do que nunca.

Demorei a perceber, mas acredito que para eu ser feliz, verdadeiramente, devo acreditar que isso existe. Ser feliz não é para todos, muito menos para muitos, nem alguns, é apenas para algumas exceções, e hoje, acredito estar fazendo parte dessa exceção, pelo simples fato de que, eu estou tentando viver, diferentemente de antes, onde eu tentava tirar a minha própria vida.

Ando à procura de algo que é meu por direito, de nascença, depois de sofrer 16 anos, espero que nos próximos 3 anos, ao menos, eu encontre esse bem metafísico, que agora eu tanto quero.

Aprendi a gostar dessa procura, por mais que ela seja um pouco cansativa e as vezes me faça parecer um pouco trouxa, pois os idiotas no final sempre são felizes, e acredito que, para todos os efeitos, eu sou idiota.

( Felipe Marquezelli )

O melhor de três abraços é juntar todos em um só!

Elas não tinham a menor ideia do que estava acontecendo. Ele estava chorando. Pillar abraçava Thiago, que desamparada, sem saber o que fazer olhava para Letícia que ainda estava estupefata com a cena. Thiago chorava incansavelmente. Jacque se aproximou, colocou sua mão sobre o ombro dele, tentou amparar com aquele toque, aquele simples e caloroso toque, todas as semanas que eles estiveram brigados. Pois agora mais do que nunca ele precisava de todas as três juntas.

A mão direita de Thiago repousava sobre o lugar que estava seu coração, apertava fortemente por sbre a camiseta, a dor era insuportável. Pillar o manteve sob seus braços, Jacque se aproximou mais e também o envolveu dentro dos seus, Letícia fez o mesmo gesto. As três o abraçavam, as lágrimas caiam no colo dele, e as três garotas o mantinha preso, sob os braços.

Jacque contava para Letícia o motivo do desespero de Thiago. O coração dele já não estava mais inteiro, depois de perder os pais ele logo precisava refazê-lo e tentou a cura através de uma garota, mas ela não lhe deu valor e acabou trocando-o, e ele sentiu-se além de traído, mutilado. Teve seu coração jogado fora, arrancado brutalmente e ele foi ferido mortalmente.

Letícia pediu um nome, o nome de quem fez isso, Pillar respondeu. Thalita. Letícia olhou para Thiago relutante, ela não parecia acreditar que algo tão novo pudesse ter feito aquilo com alguém que para ela sempre pareceu forte, que não se deixaria levar pelos sentimentos, ela se enganou. Ou talvez não, sempre soube que Thiago era uma ótima pessoa e se deixava levar facilmente.

Agora Thiago estava jogado nos braços das três melhores amigas que ele sempre sonhou ter, chorando como se ninguém mais os visse, nenhum dos outros alunos da escola, Thiago parecia não notar que todos olhavam para ele, e ele não se importava, seu coração não residia mais em seu corpo, estava em algum lugar qualquer, que ele jamais descobriria qual.

Thalita era amiga de Pillar e Letícia, mas agora, nada importava para as duas, apenas que Thiago se sentisse bem. Junto com Jacque o levaram para cima, para a sala de aula, e lá ele se silenciou, parecendo morrer por dentro, ficando mais sombrio do que antes, mas ainda chorando, copiosa e silenciosamente no colo das três. Ali ele se sentiu amado, no abraço das três, ele se sentiu em casa.

( Felipe Marquezelli )

Sátira ao Coração de um Pobre Garoto Abandonado


Ele sorriu, inconformado. Um sorriso falso, melancólico e até depressivo. Um olhar vago e tristonho, sua mente voava longe, o coração despedaçado, uma mão sobre a ferida que sangrava internamente, era irreal, desnecessário.

Nada daquilo poderia ser real. A mão frouxa repousava inerte ao ar, sem forças, não olhava nem para cima, era como se estivesse perdido em seus próprios devaneios, em suas próprias lembranças da época em que tudo lhe parecia colorido, real, épico.

O coração batia fracamente, parando, aos poucos. Ele estava abandonado, sem um amigo, desolado, desmoralizado, sem ter para onde ir. Os olhos vidrados, opacos, como se ainda houvesse esperança de que em algum determinado tempo, todos aqueles que lhe abandonaram voltassem.

O coração não parou totalmente, continuava a bater fraco. Mas as atitudes de um coração fraco não são iguais às de um coração que bate forte. Um coração enegrecido, uma própria sátira ao próprio coração que ele mantivera nos últimos anos, batendo forte, mas agora sozinho, ele se manteve frio, sem sangue, apenas batendo, com a esperança de em algum determinado momento se superar e se vingar de todos aqueles que antes lhe haviam feito sofrer.

Não tinha motivos mais para fazer algo realmente maravilhoso, se tornou recluso, um inominável, um alguem sem coração.

( Felipe Marquezelli )