Sátira ao Coração de um Pobre Garoto Abandonado


Ele sorriu, inconformado. Um sorriso falso, melancólico e até depressivo. Um olhar vago e tristonho, sua mente voava longe, o coração despedaçado, uma mão sobre a ferida que sangrava internamente, era irreal, desnecessário.

Nada daquilo poderia ser real. A mão frouxa repousava inerte ao ar, sem forças, não olhava nem para cima, era como se estivesse perdido em seus próprios devaneios, em suas próprias lembranças da época em que tudo lhe parecia colorido, real, épico.

O coração batia fracamente, parando, aos poucos. Ele estava abandonado, sem um amigo, desolado, desmoralizado, sem ter para onde ir. Os olhos vidrados, opacos, como se ainda houvesse esperança de que em algum determinado tempo, todos aqueles que lhe abandonaram voltassem.

O coração não parou totalmente, continuava a bater fraco. Mas as atitudes de um coração fraco não são iguais às de um coração que bate forte. Um coração enegrecido, uma própria sátira ao próprio coração que ele mantivera nos últimos anos, batendo forte, mas agora sozinho, ele se manteve frio, sem sangue, apenas batendo, com a esperança de em algum determinado momento se superar e se vingar de todos aqueles que antes lhe haviam feito sofrer.

Não tinha motivos mais para fazer algo realmente maravilhoso, se tornou recluso, um inominável, um alguem sem coração.

( Felipe Marquezelli )

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