In Extremis!

Era realmente muito escuro. Estava tudo coberto por um véu negro, inclusive seu próprio rosto, por isso ele não enxergava nada.
Aos poucos ele foi distinguindo os sons da natureza, o cantar baixo dos pássaros da noite, o farfalhar das folhas abaixo do seu pé e o andar sintuoso da morte ao se aproximar dele.
Ele sentia o cheiro de sangue que escorria de sua foice. Ele sentia o pavor que emanava de sua aura. Ele também sentia o vento leve soprando de sua boca com uma respiração acelerada e desregular, sem contar os breves movimentos das asas que ele escutava vindo do céu.
In articulo mortis, ele sorria. In extremis, ela, a morte, sorria. Ad arbitrium da mortis ele logo se juntaria a tantos outros.
Então um filme começou a passar por sua mente.
Os seus desejos, o seu futuro que não viria, o seu presente que acabaria e o passado que ele tinha certeza, que após a morte, esqueceria.
Seus amigos, verdadeiros e até mesmo os falsos, que eram importantes para ele.
Lembrou-se também, de seus amores, poucos, raros e escassos, mas originais e tão verdadeiros quanto o seu amor pelo seu time.
Seu coração palpitava e aos poucos foi parando.
Nínguem chegou a saber a causa mortis mas o que sabiam era que ele morreu sentido desgosto.

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