Suas mãos tremiam pelo que acabara de fazer, sangue escorria da ponta de seus dedos, seus olhos vidrados no corpo logo abaixo.
Tudo aconteceu tão de repente. A garota vinha correndo e brincando, pulando e alegre. Quando ao fundo de uma caverna ela escutou o grito de tormento e de súplica.
Ela não sabia que era sua morte que a aguardava ali.
Ela vinha correndo ajudar quem quer que estivesse gritando. Uma outra garota ali estava, ajoelhada sobre as pedras, sua boca ensanguentada e o corpo de um cachorro caído ao lado.
A garota que viera ajudar estava abismada. O cachorro ainda se mexia, fraco, mas ainda conseguiu se manter de pé e latir, um latido rouco e praticamente mudo.
A garota suja de sangue ergueu a cabeça e viu, a outra garota, idêntica a ela mesma, só que com roupas limpas e sem o sangue no rosto, ou nas mãos.
Ela levantou-se e se pôs a andar em direção a sua gêmea, que estava pasma e paralizada.
Ela tocou-lhe a face com a ponta dos dedos ensanguentadas, e viu que a pele era quente, macia, sedosa e cheirosa. Engoliu em seco. Percebeu que algo nela a chamava.
Seu sangue pulsava tão descontroladamente que ondas de adrenalina transpassavam seu corpo. Ondas de ódio perpassaram a garota ensanguentada.
Ela queria ser daquele jeito. Ela queria ser ela. Mas não podia.
Estava amaldiçoada.
No momento seguinte, um grito de tor e um som do corpo caíndo no chão.
* Baque *
E a respiração ofegante logo se seguiu as lágrimas e o sangue agora escorria mais intensamente a onde poucos instantes estava um coração.
1 Comments:
Gostei :)
o mais interessante é que existe mais de um jeito de interpretar o texto (siméomeuladovestibulandofalando) e isso que deixou o texto diferente
Muito bom, Fee!
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