Todas as noites, num quarto escuro, de uma cidade distante dos centros urbanos da capital paulista, um garoto, por volta dos dezesseis anos, se excluía do mundo, chorava abertamente para quem quisesse ouvir, e o problema era que ninguém queria. Ninguém sabia ao certo se ele chorava mesmo, muito menos o motivo, mas ninguém se interessava em ir perguntar a ele.
Nas manhãs que se seguiam ele até que sorria, mas no fundo se sentia incompleto, nem ele entendia o motivo de tanta solidão e de tanto choro. Ele queria descobrir. Mas nada que ele pensou era realmente comprovado, até que numa determinada noite, após seus choros silenciosos terminarem ele percebeu o que deveria ser. Todos ao seu redor tinham alguém, eles amavam. Ele não. Ele ia todos os sábados com alguns de seus amigos para matinês e baladas, beijava todas as garotas por quem se interessava, e dançava a noite inteira, mas no fundo sabia que um beijo não se tornaria seu amor eterno, e logo descobriu que os choros que ele vinha tendo eram de não ter para quem dizer um simples ‘eu te amo’ no pé do ouvido.
Aos poucos ele tentava encontrar essa pessoa para quem dizer as três palavras, mas nunca encontrou, uma garota ou outra fazia seu coração acelerar, mas nunca ao ponto extremo da erupção. Havia jurado que só se deitaria com uma quando encontrasse aquela que o manteria vidrado, mas a promessa ficou para trás, ele assim que completou dezessete anos, se viu preso no difícil fardo de ser o primeiro de seus amigos a completar a idade e o primeiro a ter a chance de perder a virgindade. Seus instintos falaram mais que seu coração, ele se deitou com uma grande amiga que sempre jurou amá-lo.
Eles se casaram, tiveram filhos juntos, mas seu coração nunca bateu mais forte, nem por ela nem por ninguém. O medo de viver sozinho no mundo o condenou a viver sem amor, não correu os riscos certos e se apaixonou por uma vida fácil, sem a adrenalina que o amor proporcionava. A culpa não foi dele, foi do seu coração burro que não queria amar a garota que tantos outros amavam que era aquela com quem ele se deitou e se casou. O amor nunca existiu e ele continua até hoje sem saber o que é amar.
( Felipe Marquezelli )
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