Sono eterno


Era mais uma noite como outra qualquer. Eu pelo menos achei que assim seria. Tudo bem nenhum fato novo aconteceu, pelo menos não chegou a acontecer, eu acabei ficando mais vidrado do que antes, meus pensamentos mais vagos e minha mente mais aberta, como sempre eu acabei dormindo de olhos abertos. Mas por fim parecia que o cansaço venceria, a doença que me acometeu me fazia fraco, eu me negava a descansar, mas no fundo eu sabia que seria o melhor.

Queria me deitar, mas me negava a fazer isso, estava podre, cansado, até mesmo mal-humorado, coisa que eu não ficava fazia tempo, não muito, mas acabou acontecendo que junto à fome que eu já sentia e ao fato de eu estar doente, logo eu me tornei insuportável.

Fazia tanto tempo que não sentia tantas coisas juntas que me vi despreparado para algo que eu acabei falando, com todas as palavras, gostaria de dormir e jamais voltar acordar. Fazia incontáveis dias que não dizia algo tão familiar assim. Acabei por vendo que eu não estava sendo eu tanto quanto eu imaginava estar sendo. Nessas últimas poucas horas eu posso dizer que voltei a ser o adolescente que era para mim estar sendo, despreocupado, sonolento e sem nenhum motivo para me preocupar com o trabalho de segunda-feira, sem seleções, sem pagamentos a fazer, apenas deitar e dormir. Queria que assim fossem tão fáceis todas às vezes durante a noite.

Sofreria tão menos que não iria voltar a pedir para dormir e jamais acordar. Mas por agora, apenas uma boa noite, pois como sempre, nunca se sabe se a noite de hoje será para sempre a última noite que tens pela frente. Durma, e sonhe. Pois é isso que pretendo voltar a fazer assim que acordar, isso é, se acordar, voltar a sonhar, de olhos abertos. Mas peço, que meu sono seja eterno, enquanto eu permanecer de olhos fechados e nada me perturbe.

( Felipe Marquezelli )

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