Relações são Prisões

Tudo o que ele queria era ser livre. Tudo que ele precisava era se ver livre, nem que fosse por alguns segundos.
Seus relacionamentos o prendiam, cad aum mais forte que o outro. Seus relacionamentos eram correntes que para cada vez que ele se mexia mais doeia em seu peito. Suas correntes prendiam sua mãos, seus pés e seu coração. Não tinha permissão de pensar, falar, ou ser. Apenas tinha que ouvir.
Seus olhos ficavam marejados de lágrimas sempre que olhava os outros e os via felizes, sorrindo, com relações que não os machucavam, pelo menos era o que ele pensava.
Ele achava que sempre os outros eram felizes, que ele não era nada. ele sempre via o sol nascer quadrado. Ele, em sua mente, usava pijamas listrados, quase que o dia inteiro. Seus olhos eram cegos para a realidade. Seus ouvidos surdos para o sofrimentos dos outros. E sua buca muda para seus sentimentos.
Ele vivia numa prisão, numa prisão de relacionamentos. Seus amigos possessivos não lhe deixavam em paz. Sua família cretina não lhe deixava respirar. Seus, vulgos, colegas não lhe deixavam nem respirar.
Aos poucos, ele soltou, um a um, os grilhões de seus relacionamentos, e decidiu viver num mundo quadrado, no seu mundo quadrado. O Sol era redondo. Seus olhos enxergavam. Seus ouvidos ouviam. Sua boca falava. Seus sentimentos eram os mais lindos do mundo. Sua subjetividade era soberana em seu pensamento. Era sempre ele e não os outros que importavam.
Após soltar toda a corrente que prendia seu coração, ele se viu livre para seguir seu caminho, se viu para livre para sorrir, correr, gritar ao mundo, que ele estava livre.
Mas a vida não era tão doce quanto achava que era, sua prisão, mesmo que desconfortável, era mais segura, era mais feliz.
Então, novamente, um a um, ele repôs seus grilhões, olhando para cada um de seus amigos, e se aprisionou em todos eles, com sua corrente, a corrente do amor, da esperança e da felicidade, e chegou a conclusão que Relações são Prisões, frias, escuras, mas felizes e que lhe faziam bem. Porém como em toda prisão, se tem que pagar um preço, e o preço que ele pagava era ser fiel a seus amigos.

(Felipe M. Chagas - Relações são Prisões)