Letras


Minha alma eu deixei de lado,
Vivi preso tempo demais,
Em algo que relutei para esquecer,
Fez-se parte do meu passado.

Era para jamais lembrar,
Das frias e tristes noites,
De nunca ter alguém ao meu lado,
E apenas chorar.

Lágrimas que derramei,
Em outro tempo que sorri,
Apenas uma nuvem,
Que contra ela eu lutei.

Era para ser uma luta vencida.
Sem um único perdedor.
Uma alegre batalha,
Que tivesse algum vencedor.

Éramos tão pequenos,
Inseguros e indefesos.
Naquela época que se foi,
E hoje vivemos menos.

E dessas coisas sempre vou lembrar,
Não importa quanto tempo passe,
Ou quem esteja ao meu lado,
Sempre terei alguém para dizer que vou amar.

Palavras soltas que vos digo,
E eu esperava que fizessem sentido,
Letras livres que outrora eu escrevi,
Hoje me prendo aos pequenos pingos!

( Felipe Marquezelli )

Cheguei a dizer adeus, mas agora eu digo sejam bem-vindas!


Definitivamente eu havia dito adeus para algo que me prendia tanto quanto eu pensava que fosse possível. Mas aos poucos eu as venho resgatando, com medo delas. Tenho medo de usá-las. Sim estou falando de minhas máscaras.

Nem sei por onde começar. Na verdade não tenho por onde começar. Eu havia deixado todas elas de lado, prometido a mim mesmo que não as usaria, mas hoje, após inúmeros choques de realidade eu corri para o mais longe possível, resgatei todas elas do fundo de uma caixa, jogada no meio de uma ilha vulcânica no meio do oceano e as estou usando. Meu mais profundo temor se concretizou, eu estou tendo que recorrer às minhas máscaras para encarar a realidade.

Mas eu definitivamente ainda não sei por que as uso, seria para me esconder dos outros ou esconder os outros de mim? Queria muito saber para que eu teimo em usar as máscaras perante a realidade, sendo que eu já a encaro faz um bom tempo. Acho que por que, pela primeira vez eu não tenho uma resposta pronta para uma adversidade. Eu temo por isso.

( Felipe Marquezelli )

Nostalgia


Sinto saudades de coisas que o tempo me tirou,
De algo que eu já não posso mais ter,
Das mudanças que não voltarão,
Daquilo que o tempo me fez perder.

Ainda tenho saudades de poder falar besteiras,
De ver o mundo todo girar.
De viver de certa maneira.
De saber o que era sonhar.

Penso ainda em conversar sobre coisas absurdas,
Por um tempo indeterminado,
Durante os dias mais chatos,
Com todas as pessoas que estiverem ao meu lado.

Essas saudades que não me permitem viver,
De saber que sempre terei alguém comigo.
Saber que poderia contar com todos eles,
Saudades essas que não acabam.

( Felipe Marquezelli )

Sons mudos


Quantas vezes já não nos deparamos com palavras sem expressões significativas? Quantas vezes não ouvimos algo sem entender? Quantas vezes não ouvimos algo e entendemos perfeitamente o que está acontecendo? Nada importa para quem sabe da diferença entre o som mudo e o som sonoro, mas o som mudo é tão significativo quanto. Ele não toca seus tímpanos, mas pode tocar dentro de seu coração.

Sons esses que afetam você de maneira tão intensa que você acaba nem percebendo o que faz e se entrega verdadeiramente a algo tão forte que seus sons são emudecidos por gestos, ou até mesmo por palavras tão mais fortes do que gestos. Assim é algo tão inexplicavelmente complexo e simples.

Somos tão eloqüentes a ponto de dizer o que pensamos, mas não ao dizer o que sentimos e quando dizemos as palavras parecem tão mais pesadas que o som se propaga tão imensamente que nos torna surdos e tudo a nossa volta emudece e o que importa são sempre as últimas palavras que ouvimos. Por isso prefiro um som mudo, um som silencioso que é facilmente contido por um gesto, um abraço ou um beijo de boa noite na testa que simplifica todas as palavras doces em um simples gesto.

Acreditamos tão insistentemente que não é algo que não devemos nos preocupar, que acabamos esquecendo o poder tão ensurdecedor de simples palavras como as três palavras dê sete letras que eu sempre teimo em dizer para pessoas erradas.

( Felipe Marquezelli )

Sono eterno


Era mais uma noite como outra qualquer. Eu pelo menos achei que assim seria. Tudo bem nenhum fato novo aconteceu, pelo menos não chegou a acontecer, eu acabei ficando mais vidrado do que antes, meus pensamentos mais vagos e minha mente mais aberta, como sempre eu acabei dormindo de olhos abertos. Mas por fim parecia que o cansaço venceria, a doença que me acometeu me fazia fraco, eu me negava a descansar, mas no fundo eu sabia que seria o melhor.

Queria me deitar, mas me negava a fazer isso, estava podre, cansado, até mesmo mal-humorado, coisa que eu não ficava fazia tempo, não muito, mas acabou acontecendo que junto à fome que eu já sentia e ao fato de eu estar doente, logo eu me tornei insuportável.

Fazia tanto tempo que não sentia tantas coisas juntas que me vi despreparado para algo que eu acabei falando, com todas as palavras, gostaria de dormir e jamais voltar acordar. Fazia incontáveis dias que não dizia algo tão familiar assim. Acabei por vendo que eu não estava sendo eu tanto quanto eu imaginava estar sendo. Nessas últimas poucas horas eu posso dizer que voltei a ser o adolescente que era para mim estar sendo, despreocupado, sonolento e sem nenhum motivo para me preocupar com o trabalho de segunda-feira, sem seleções, sem pagamentos a fazer, apenas deitar e dormir. Queria que assim fossem tão fáceis todas às vezes durante a noite.

Sofreria tão menos que não iria voltar a pedir para dormir e jamais acordar. Mas por agora, apenas uma boa noite, pois como sempre, nunca se sabe se a noite de hoje será para sempre a última noite que tens pela frente. Durma, e sonhe. Pois é isso que pretendo voltar a fazer assim que acordar, isso é, se acordar, voltar a sonhar, de olhos abertos. Mas peço, que meu sono seja eterno, enquanto eu permanecer de olhos fechados e nada me perturbe.

( Felipe Marquezelli )

Férias


André, dezessete anos, um corpo definido, mas não ‘bombado’, tudo em seu lugar, olhos verde acinzentados, cabelo tão escuro quanto o negrume da noite. Cursava o terceiro ano do ensino médio numa escola particular da Zona Sul da capital paulista. Era Julho, fazia frio, férias de inverno, seis horas da manhã, ele ainda estava no computador conversando com seus amigos, desligou três horas mais tarde e se deitou, a mãe não se importava com isso nas férias, além de tudo, tirava também as férias do serviço, seu irmão mais velho era um grande empresário e havia lhe dado um bom emprego. Acordou por volta das onze horas da noite, tomou banho, jantou, escovou os dentes e em trinta minutos já não estava mais em casa.

Havia partido para uma balada nova em São Paulo, havia acabado de abrir (não fazia três semanas) e decidiu aproveitar que não tinha nada para fazer. Soubera que as garotas lá podiam não ser as que ele estava acostumado que era só estalar os dedos e aparecia no mínimo duas, mas valeria o risco para ele ver quão lindas elas eram.

Assim que chegou se surpreendeu pelas garotas na fila, eram tão lindas iguais a todas as que ele já havia pego, quiçá até melhores. Ele sorriu, havia esperado para ver se chamava a atenção num lugar tão diferente do comum para ele.

Entrou, com um documento falso, e viu que a balada logo não seria apenas mais uma em sua grande lista. Não era o mais bonito, mas o conjunto de corpo e estilo o tornou o maior atrativo da balada, calça jeans escura, camiseta gola V branca, uma blusa preta e branca listrada, e um boné todo preto com o logo da marca ao lado, quase imperceptível, o tênis um nike.

Se não todas, ao menos uma grande maioria das mulheres olhou para ele. Ele acabou ficando com dez delas. Tinha sido as dez mulheres mais lindas que ele havia visto naquela noite.

O seu celular despertou às seis da manhã, o horário que ele normalmente ia para a escola, então tomou o rumo de volta para casa, assim que chegou deitou na cama e adormeceu instantaneamente, cansado, sem ter forças para olhar o MSN ou o seu formspring, quem dirá se teria coragem de postar no twitter que havia chegado em casa.

Quando acordou se viu todo quebrado de dançar, sem forças, mas a noite anterior havia valido a pena, cada segundo passado, cada beijo dado, cada telefone conquistado ou MSN dado, ele vibrou cm cada uma das conquistas e se viu mais uma vez feliz em poder aproveitar as férias.

( Felipe Marquezelli )

Esse ó, ene agá, ah erre


Já não bastava ele amar, agora ele queria sonhar. Sonhar um sonho intenso, vívido, cheio de cores, odores e sabores. Sonhar que tudo era possível e que tudo que ele mais queria era o que ele já tinha. Já não importava tanto a opinião dos outros, ele queria era ser feliz e esse era o seu maior sonho.

Ele nunca acreditou que poderia fazer de tudo um sonho, jamais se viu sendo feliz quem diria sonhando em ter coisas que nunca teria, amar alguém e pensar que algum dia alguém lhe retribuiria o amor, ele sonhava agora, sem medo e sem pressão, sonhava intensamente. Sonhava acordado, sonhava dormindo. Ele queria era sonhar. E amar.

Ele aprendeu a sonhar com seus amigos, que tanto lutaram para mudar o jeito sóbrio do garoto, e até tristonho. Hoje ele sorri sem medo e diz com todas as letras, “Eu sonho, sonho com um amor que dure para sempre”.

“Sonho com um amor sem fronteiras, sem limites que sempre esteja do meu lado, mesmo que distante. Sonho com um lugar que possa me fazer feliz sem fazer mal a ninguém. Sonho um sonho imperfeito que muita gente sonha, mas que a cada detalhe que se soma eu o intensifico, cada soma nova é algo novo a sonhar.”

Ele descobriu o poder de sonhar, mas ainda tenho medo de que agora que ele sonha, ele caia da cama e acorde na difícil realidade que nos vem perseguindo por tanto tempo, a qual ele sempre pertenceu, mas que agora, em um outro mundo, o Mundo dos Sonhos, ele não teria como lidar. Receio em dizer que agora que ele começou a sonha será difícil faze-lo parar.

Espero que no final, seus sonhos se transformem em realidades, pois cada sonho realizado, de qualquer um que esteja ligado a esse novo sonhador, será como um sonho realizado para ele.

( Felipe Marquezelli )

Sátira a uma Garota Besta


Não importa quantas vezes alguém lhe dissesse que o que ela fazia não ia dar certo, ela sempre teimava e continuava a creditar no poder que seu amor teria, que ele seria capaz de superar a distancia que eles mantiveram por quase dois anos. Era praticamente impossível alguém mudar a opinião que ela havia construído sobre o seu amor. Ela ainda queria acreditar que seria capaz de vencer a distância de quase quatrocentos quilômetros que separavam as duas cidades. Ela o amava não havia como negar, e quem sabe ele também não sentia o mesmo, quem sou eu para dizer algo contra esse amor? Eu digo, sou a pessoa que mais torceu contra pelo bem da garota que eu agora narro.

Eu gostaria de saber o que se passa na cabeça da garota besta que eu cito, ela não para de pensar nele, ela acredita que ele se mantém ‘fiel’ a ela, mesmo sabendo que ela não é fiel a ele em todos os sentidos, tudo bem, houve relação física com outros garotos mas não exatamente do jeito que pensamos em traição o beijo foi pensado apenas nele, cada toque e gesto feito eram pensando no garoto que morava a mais de quatrocentos quilômetros de distancia.

É meio idiotice da minha parte escrever um texto tão óbvio contra uma felicidade clandestina que não pertence a mim, mas o que fazer se a felicidade que ela, a minha amiga besta, procura, não é bem a felicidade certa? Viver o presente e não um futuro próximo. Isso é, se chegar a ser futuro, nem sempre o virtual se torna real, para infelicidade geral da nação.

Eu escrevo essa sátira pensando numa garota realmente boba que entregou seu coração a uma pessoa virtual, que pode a estar enganado, e isso eu não tenho como provar, mas vou lutar pela felicidade dela, pois é isso que um pai faz, é isso que eu faço, pois ela é mais que uma filha pra mim, é mais que qualquer coisa, pois eu amo essa garota besta, e infelizmente, eu não tenho como não admitir, eu sempre amarei e se isso implica em ter que aturar alguém que eu não aturo, eu o farei com o maior prazer, desde que seja para o bem dela, no tempo certo, quando seja lá quando for.

( Felipe Marquezelli )

A história do Homem que teve coragem para dizer “Eu te Amo”


Tudo começou numa bela noite de quinta-feira, em um restaurante, ao sul da capital. O homem estava sentado, jantando sozinho, sem esperar qualquer coisa. Ele já estava com seus vinte e cinco anos, era bonito, mas nunca foi de chamar a atenção para ele, gostava de ficar quieto, e não esperava amar ninguém até se estabilizar. Como todos os homens da atualidade, ele estava incrivelmente errado.

Uma mulher entrou pela porta do restaurante, ele que estava na ultima mesa do local, mas de cara para a porta, foi o primeiro a ver a moça. Ela era linda, em todos os aspectos. Um vestido vermelho sob um casaco de peles de leopardo, ela era realmente, além de linda, elegante.

Ela olhou para ele de longe e sorriu, um sorriso contagiante. Balançou com o coração dele. Ele foi embora, mas antes foi conversar com a mulher.

Oi (disse ele). Oi (respondeu ela). Qual seu nome (perguntou ele). Tamires, e o seu (foi a vez dela). Alexandre (ele agora). Prazer Alexandre (ela disse). Todo meu Tamires, posso anotar seu telefone (ele questionou). É claro (disse ela passando o número).

Os dias que se seguiram ele ligou para ela todas as noites, e ela ligava para ele todas as manhãs, os dois saiam juntos, riam e comiam juntos. Mas ao contrário do que se passava no coração dele, ela acabou vendo que ele era um grande amigo e não um grande amor.

A amizade dos dois durou cerca de dois anos, ele eleito presidente da sua firma, ela dona de uma grife de moda. Os dois riam abertamente e comentavam os insucessos do passado, e hoje ele tinha tomado uma decisão, se declararia. Haviam dormido juntos uma ou outra vez, as noites mais prazerosas da vida deles. Mas para ela foi o prazer de se deitar com um amigo, conselheiro e que seu amor seria eterno, sem nunca mudar. Já para ele, o amor além de tudo físico, era o sentimento que aflorava cada centímetro de seu corpo.

Voltaram quando completaram três anos de amizade no mesmo restaurante que se conheceram, na mesma mesa que ela havia se sentado, perto da mesa que ele havia se sentado. Ele olhou fundo nos olhos dela e disse com todas as sete letras, as três palavras: “Eu te amo”. Ela ficou sem reação, não sabia o que fazer, então com uma voz melosa respondeu: “Eu também te amo, você é o meu melhor amigo”.

As palavras delas foram como facas para o coração dele, mas a amizade dos dois nunca foi abalada, dormiram juntos mais uma vez, e para ele foi a ultima vez que se entregaria à uma mulher que jamais se sentiria igual por ele, para ela, foi a primeira ao perceber que depois da declaração dele também se sentia igual.

Três meses mais tarde, ela se sentou com ele para um almoço, desta vez em um restaurante em Porto Alegre, onde ele estava passando as férias e ela foi fazer uma visita surpresa. Ela olhou fundo nos olhos dele e disse igualmente: “Eu te amo”, ele esperava que o coração fosse pular, mas não pulou, ele gritou de triunfo, se beijaram ardentemente, e logo depois se casaram. A atitude dele, em acreditar ainda no amor, por mais incabível que ele se parecesse foi algo que nem mesmo ela acreditou. Amar sem ser amado havia lhe dado uma lição, nada como o tempo para fazer os outros perceberem o quão poderoso é o amor.

( Felipe Marquezelli )

Sátira a uma Garota Boba


Ao que tudo parecia ele seria apenas mais um na vida dela. Muito se enganava ela por pensar isso. O beijo dele, tão doce, a marcou. Assim como ele quase foi à loucura pelo simples abraço mais forte dela e o beijo carinhoso. Os dois logo iriam provar do poder de algo fatal.

Ele jurou amá-la. Ela acreditou. As palavras ditas na segurança da internet surtiram efeito imediato na pobre garota que estava balançada pelo carinho que ele demonstrava. Ele não seria apenas mais um. Ela o queria para ela e só para ela. Ele queria ser dela, mas não tão cedo, ainda queria viver um pouco mais antes de se entregar a ela.

Ele não chegou a pensar nas conseqüências de seus atos, havia até confessado para ser possível futuro cunhado que a pediria em namoro, mesmo que a distância ele queria ser todo dela, e queria ter exclusividade para tê-la também. O tal cunhado disse que esperasse, haviam acabado de se conhecer, ainda era cedo. Mas ele não sabia que a garota estava perdidamente apaixonada, mesmo que nem ela soubesse.

Eles se encontraram novamente, no mesmo lugar, semanas mais tarde, apesar de muita coisa ter passado, parecia que nada tinha mudado. Pelo menos foi o que o cunhado havia pensado. O garoto havia ficado com outras duas garotas e ainda depois veio desculpar-se com ela, e ela se iludiu com as palavras de desculpas dele e o perdoou.

O coração dela se machucava, cada vez sangrava mais por ter sido enganada, e ela não sabia. O coração dele chorava um pouco, por ter perdido alguém que sabia que o amava. O tempo apenas pode continuar essa história, e o cunhado, o mesmo que narra esta história, ainda acredita em um final feliz para os dois lados, esperemos que o tempo dirá.

( Felipe Marquezelli )

A história de um garoto que não sabia o que era amar


Todas as noites, num quarto escuro, de uma cidade distante dos centros urbanos da capital paulista, um garoto, por volta dos dezesseis anos, se excluía do mundo, chorava abertamente para quem quisesse ouvir, e o problema era que ninguém queria. Ninguém sabia ao certo se ele chorava mesmo, muito menos o motivo, mas ninguém se interessava em ir perguntar a ele.

Nas manhãs que se seguiam ele até que sorria, mas no fundo se sentia incompleto, nem ele entendia o motivo de tanta solidão e de tanto choro. Ele queria descobrir. Mas nada que ele pensou era realmente comprovado, até que numa determinada noite, após seus choros silenciosos terminarem ele percebeu o que deveria ser. Todos ao seu redor tinham alguém, eles amavam. Ele não. Ele ia todos os sábados com alguns de seus amigos para matinês e baladas, beijava todas as garotas por quem se interessava, e dançava a noite inteira, mas no fundo sabia que um beijo não se tornaria seu amor eterno, e logo descobriu que os choros que ele vinha tendo eram de não ter para quem dizer um simples ‘eu te amo’ no pé do ouvido.

Aos poucos ele tentava encontrar essa pessoa para quem dizer as três palavras, mas nunca encontrou, uma garota ou outra fazia seu coração acelerar, mas nunca ao ponto extremo da erupção. Havia jurado que só se deitaria com uma quando encontrasse aquela que o manteria vidrado, mas a promessa ficou para trás, ele assim que completou dezessete anos, se viu preso no difícil fardo de ser o primeiro de seus amigos a completar a idade e o primeiro a ter a chance de perder a virgindade. Seus instintos falaram mais que seu coração, ele se deitou com uma grande amiga que sempre jurou amá-lo.

Eles se casaram, tiveram filhos juntos, mas seu coração nunca bateu mais forte, nem por ela nem por ninguém. O medo de viver sozinho no mundo o condenou a viver sem amor, não correu os riscos certos e se apaixonou por uma vida fácil, sem a adrenalina que o amor proporcionava. A culpa não foi dele, foi do seu coração burro que não queria amar a garota que tantos outros amavam que era aquela com quem ele se deitou e se casou. O amor nunca existiu e ele continua até hoje sem saber o que é amar.

( Felipe Marquezelli )

Palavras que nunca foram ditas


Ele, amado e amável. Um coração puro, dos atos mais grandiosos, dos olhares mais significativos, da mais alta e digna bondade. De tão puro que era foi comparado aos santos, nunca ergueu um dedo para bater em alguém, jamais aumento o tom de sua voz, ele simplesmente se recusava a falar quando lhe era propício.

Ela, egoísta e até um pouco vulgar. Mas até que tinha um coração puro, não tão puro quanto aquele daquele homem, seus atos eram bárbaros, não grandiosos, esplêndidos, os olhares eram perfeitamente intensos, avaliadores, sua bondade resignava as vezes a pena. Mas nunca foi pura, nem sequer se chamou em algum momento de santa, ela jamais se pronunciou quanto a isso, nem para se defender, preferiu emudecer.

Eles nunca haviam se visto, nem sequer sabiam de suas existências, imaginavam se em algum dia encontrariam alguém tão verdadeiro quanto eles mesmos, mas o medo de um olhar em falso ou de falar algo indevido os impedia de procurar.

Mas não foi necessária a procura, um achou o outro, numa manhã qualquer, num parque qualquer, tudo aquilo que os dois pensaram ser verdades absolutas e extremas passou a fazer parte dos cacos estilhaçados pelo que logo se tornou o universo a sua volta.

Os olhares cruzados. Ele sorriu. Ela acenou.

“Se ela avançar eu avanço” pensou ele, “Se ele sorrir de novo eu falo com ele”, ela disse consigo mesma. Ela deu um passo em falso, ele sorriu, um olhou para o outro, e nenhuma palavra saiu.

O olhar de interrogação se estampou no rosto dele, já no rosto dela o de vergonha. “Se eu chamar ela pra sair, será que ela aceita?” ele começou a se indagar, “Fica muito chato se eu decidir chama-lo pra tomar um café?” ela se perguntou.

Ele olhou para baixo, sua voz quase falhara depois de tanto desuso “Ah, Oi. E Tchau”, ela respirou e só disse “Tchau”. Os olhares continuaram se acompanhando, ambos pensando “Por que fui tão covarde?”.

Ele nunca soube a resposta. Ela chegou a imaginar, de forma errada o motivo. As palavras que eles tanto lutavam para não usar enfim lhes fizeram falta, e em algum momento qualquer, tudo isso pode voltar a acontecer, se não com Ele e com Ela, comigo e com você.

( Felipe Marquezelli )

Agora é a hora


Esperei muito tempo para isso, é hora de eu finalmente erguer a minha cabeça e travar a minha própria luta, sem mais delongas, assumo por fim a autoridade que me foi dada ao nascer, como filho mais velho, como o filho de um casal prestes a se separar é hora de fazer o mundo se curvar as vontades dos dois filhos, eu e meu irmão, pela minha voz, eu ordeno, eu mando, é hora de fazer o meu show.

Ao que tudo indica o filho mais velho decide, e assim eu o farei, não me importa as consequências, o meio não justifica os fins, os fins não justificam os meios, tudo que eu quero é o que me foi tirado. Não falo de família, pois família estou feliz com a que eu tenho. É pouca, e incompleta, mas é minha. Só minha!

As palavras que eu tanto demorei a falar hoje escorregam pelos meus dedos com tanta suavidade que até fico surpreso ao ver que eu já tinha uma decisão tomada antes mesmo de ter tido a escolha,  fato é que, mostrarei a todos quem manda, e serei lembrado, não por muitos, mas por alguns, por ser aquele que encarou seu maior medo de infância com tanta coragem, com tanta força que o derrotou. Não me importo em morrer lutando, desde que a vitória seja nossa, minha e da minha família!

Ao contrário de tudo que eu disse nesses quase um ano e meio, eu amo cada parte dessa família de três pessoas que estão compostas aqui em casa, e cada um de seus fragmentos, exceto aquele pelo qual eu lutarei para derrotar. Sim as coisas começaram a mudar.

( Felipe Marquezelli )

E no final é apenas mais um erro humano.


É meio estranho para alguem que se julgava um demônio, sem alma, sem coração, de repente se definir também como um anjo. Para alguém que não acreditava - e continua não acreditando - em Deus, se auto-chamar de anjo é incrivelmente, estranho.

Na verdade, o motivo para isto é simples, eu finalmente entendi que todos nós temos um pouco de luz e sombra dentro de nós, inclusive eu que, até tempos atrás, se auto chamava de demônio. Outra verdade é que sim eu mudei muito de lá para cá, mas além de tudo eu evolui. Comecei a ver as diferenças entre o bem e o mal dentro de mim e dos outros.

Mas todos temos bem e mal dentro de nós, o que nos diferencia são as atitudes que tomamos, nos catalogar como bem ou mal não passa de um outro erro humano, no final todos vamos acabar indo para o mesmo lugar.

Todos nós temos um pouco de cada. Somos anjos tanto quanto queremos ser humanos e também somos venenosamente infalíveis como os demônis que nascemos para ser.

Hoje, eu tive sorte pelo fato de que cobras não morrem com seu próprio veneno, pois já que mordi minha língua não estaria aqui para contar esse fato. E outra, também tenho sorte por ter feito em minha vida muitas coisas para ajudar os outros, e também estou pronto para ajudar qualquer um que me venha pedir salva-guarda.


( Felipe Marquezelli )

Um pouco de verdade e sátira à amizade


Parece que não, mas sim eu sou falso e por ser falso reconheço que muitos ao meu redor são, se não comigo com outras pessoas e hoje me indago sobre a amizade que teria com eles, seria verdadeira ou falsa?É representada por uma nota de três reais ou por uma de cem? Se é que vocês me entendem a metáfora.

Não posso dizer que sei se todos são verdadeiros, mas que vejo um pouco de falsidade, sim eu vejo. A princípio pensei que fosse minha imaginação, pois julgava minhas amizades perfeitas, até que eu percebi que eu era falso com eles e pude dizer que a perfeição se quer existiu algum momento.

Lembro-me de que no começo tudo foram as mais belas rosas, alegrias e sorrisos e do nada vieram as brigas, a desconfiança e as suposições de que tudo estaria arruinado. Uma amizade verdadeiramente forte não destroe-se com o tempo, ao contrário, para cada desafio, se fortalece. E as minhas eu vi que umas se fortaleciam e outras aos poucos se tornaram inexistentes e começamos a ser apenas colegas, e aos poucos tentei reconstruir as amizades que em outrora foram evidentes em meus olhares de admiração e que hoje chegam a beirar o desapontamento e às vezes a dó.

É claro que não nego que todos eles me fizeram bem, mas nunca pude dizer que todos estavam comigo quando eu mais precisei. Poucos ficaram ao meu lado, e hoje reconheço raros amigos dentre meus colegas (que em sua frente os chamo de amigos), sem saber que essa palavra é tão vaga quanto um balão de ar... Vazio.

Mas aqueles que eu posso chamar de amigos, sim foram meus amigos quando eu precisei, assim como recentemente, eu não pude estar por perto quando minha mãe passou mal e três amigas, não, três anjas entraram pela porta da minha casa e disseram que tudo ia terminar bem, e assim terminou.

Assim como quando eu precisei chorar, eu contei com o ombro de outras três anjas, e uma delas esteve também na outra vez que vieram. E por fim, um anjo esteve comigo quando eu precisei desabafar e me divertir um pouco. Sim, eu não tenho amigos, tenho anjos que me guiam. E estão comigo, me protegendo e assegurando que nem tudo é escuridão nesse mundo. Os meus chamam Thays, Marina, Yasmin, Pamela, Lais e Agnaldo. Agora só falta saber se todos têm algum anjo que lhe acompanha, pois nada melhor que um belo anjo ao seu lado, pronto pra te fazer sorrir, quando estiver pra baixo, te levantar.

( Felipe Marquezelli )